Hotel Transilvânia 2
Certos personagens são tão presentes no imaginário coletivo que podem ser aproveitados de toda forma, inclusive retorcendo suas origens para tirar sarro do que representam. É o caso de Hotel Transilvânia, animação cujo mote principal é justamente brincar com Conde Drácula, Frankenstein, lobisomem, múmia e todo tipo de monstro criado pela literatura (e cinema) de terror. Aqui eles são caricatos e divertidos, tanto no traço quanto na personalidade, tudo para cativar o público mirim. Como em time que está ganhando não se mexe, e o primeiro filme faturou US$ 358 milhões nas bilheterias mundo afora, Hotel Transilvânia 2 chega aos cinemas trazendo exatamente o que o primeiro filme oferecia, para o bem e para o mal.
Após perder a batalha com o humano Johnny no primeiro filme, e ver sua filha Mavis se casar com ele, Drácula tem agora um novo desafio: garantir que o neto Dennis siga a nobre linhagem dos vampiros. Só que o vovô não é nem um pouco paciente e busca, a todo custo, indícios de que o pequenino não é um reles garoto normal. Curiosamente, a trama principal desta continuação investe forte no relacionamento entre Drácula e Mavis, deixando Johnny meio de lado. Se o personagem está sempre por perto, com seu jeito peculiar de eterno garotão, desta vez ele tem uma participação restrita nos eventos principais que norteiam o longa-metragem. Se por um lado o fato de um dos protagonistas do filme original agora ser apenas um coadjuvante, por outro esta opção abre espaço para que a trama explore ainda mais o que há de melhor na série: o mundo dos monstros.
A diferença maior em relação ao filme original é que, se antes havia o susto pelo convívio com um humano, agora os monstros estão não apenas habituados com a convivência como, ainda por cima, se acomodaram. Esta é a deixa para diversas piadas rápidas envolvendo dificuldades em se habituar ao mundo moderno – a cena com o celular é ótima, mas resulta em vários erros de continuidade ao longo do filme – e também ao fato dos monstros clássicos estarem hoje cansados desta imagem construída por anos. São tais gags, que raramente superam a marca de um minuto, que dão graça ao filme. Entretanto, assim como acontece no original, a trama que as cerca é bastante infantilizada.
Além disto, há um claro desnível no roteiro escrito por Robert Smigel e Adam Sandler (é dele a voz de Drácula na versão original). Se o filme logo de início investe no relacionamento pai-e-filha e nos esforços de Drácula em garantir um neto vampiro, o terço final provoca uma reviravolta um tanto quanto brusca para trazer um vilão até então jamais citado. É como se a proposta inicial tivesse se esgotado e, sem ter para onde ir, a dupla de roteiristas tenha tirado da manga o velho clichê do inimigo-que-aprende-uma-lição. É a chance também de Johnny voltar a ganhar algum espaço, graças ao retorno do confronto monstros versus humanos do filme anterior. Repetitivo e sem imaginação, para dizer o mínimo.
Ao repetir a fórmula do primeiro filme, Hotel Transilvânia 2 tem grandes chances de agradar aqueles que se divertiram com o original. Há piadas engraçadas, como o GPS de voz fantasmagórica, a sacaneada ao visual deDrácula de Bram Stoker e o acampamento para jovens vampiros (com uma pitada sarcástica envolvendo o cenário atual do politicamente correto), mas o grande trunfo continua sendo o estilo performático e exagerado de Drácula. Neste caso, vale também destacar o brilhantismo de Alexandre Moreno como a voz brasileira do personagem, trazendo um misto de pompa e galhofa. Diverte, apesar de ser claramente mais voltado para as crianças e de certos problemas de roteiro.
Após perder a batalha com o humano Johnny no primeiro filme, e ver sua filha Mavis se casar com ele, Drácula tem agora um novo desafio: garantir que o neto Dennis siga a nobre linhagem dos vampiros. Só que o vovô não é nem um pouco paciente e busca, a todo custo, indícios de que o pequenino não é um reles garoto normal. Curiosamente, a trama principal desta continuação investe forte no relacionamento entre Drácula e Mavis, deixando Johnny meio de lado. Se o personagem está sempre por perto, com seu jeito peculiar de eterno garotão, desta vez ele tem uma participação restrita nos eventos principais que norteiam o longa-metragem. Se por um lado o fato de um dos protagonistas do filme original agora ser apenas um coadjuvante, por outro esta opção abre espaço para que a trama explore ainda mais o que há de melhor na série: o mundo dos monstros.
A diferença maior em relação ao filme original é que, se antes havia o susto pelo convívio com um humano, agora os monstros estão não apenas habituados com a convivência como, ainda por cima, se acomodaram. Esta é a deixa para diversas piadas rápidas envolvendo dificuldades em se habituar ao mundo moderno – a cena com o celular é ótima, mas resulta em vários erros de continuidade ao longo do filme – e também ao fato dos monstros clássicos estarem hoje cansados desta imagem construída por anos. São tais gags, que raramente superam a marca de um minuto, que dão graça ao filme. Entretanto, assim como acontece no original, a trama que as cerca é bastante infantilizada.
Além disto, há um claro desnível no roteiro escrito por Robert Smigel e Adam Sandler (é dele a voz de Drácula na versão original). Se o filme logo de início investe no relacionamento pai-e-filha e nos esforços de Drácula em garantir um neto vampiro, o terço final provoca uma reviravolta um tanto quanto brusca para trazer um vilão até então jamais citado. É como se a proposta inicial tivesse se esgotado e, sem ter para onde ir, a dupla de roteiristas tenha tirado da manga o velho clichê do inimigo-que-aprende-uma-lição. É a chance também de Johnny voltar a ganhar algum espaço, graças ao retorno do confronto monstros versus humanos do filme anterior. Repetitivo e sem imaginação, para dizer o mínimo.
Ao repetir a fórmula do primeiro filme, Hotel Transilvânia 2 tem grandes chances de agradar aqueles que se divertiram com o original. Há piadas engraçadas, como o GPS de voz fantasmagórica, a sacaneada ao visual deDrácula de Bram Stoker e o acampamento para jovens vampiros (com uma pitada sarcástica envolvendo o cenário atual do politicamente correto), mas o grande trunfo continua sendo o estilo performático e exagerado de Drácula. Neste caso, vale também destacar o brilhantismo de Alexandre Moreno como a voz brasileira do personagem, trazendo um misto de pompa e galhofa. Diverte, apesar de ser claramente mais voltado para as crianças e de certos problemas de roteiro.
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